Neste artigo, apresenta-se uma parte do
projecto desenvolvido no âmbito de
Doutoramento. De acordo com o plano de
trabalhos definido, delimitou-se como
objectivo central a construção de modelos de
descrição de sistemas fonológicos da
variabilidade da Língua Portuguesa, com
especial relevo para o comportamento fonético
das formas em uso na Beira Interior do País.
Assim, neste artigo, revela-se uma proposta de
construção de um modelo de aferição do
sistema consonântico, explorando as
virtualidades decorrentes da metodologia e da
perspectivação legadas pelo funcionalismo
europeu e pela experiência da percepção.
Para a descrição deste sistema, foi
necessário recolher e desenvolver os diferentes
componentes de análise linguística, como
sejam uma base de dados de fala e respectiva
segmentação e etiquetagem de (alo)fones1. A
descrição da variabilidade dos fones teve base
na contextualização silábica. Todas as
manifestações perceptíveis foram aferidas
pelos cálculos da frequência de ocorrência dos
casos da amostra obtida em relação à amostra
teórica, de onde resultou, expressa em
percentagem, a estimativa e/ou generalização
provável das ocorrências efectivas em
variação livre e/ou individual. A descrição do
inventário de fonemas é motivada pelo
princípio de que a escolha acertada da unidade
fonética infuenciará não só o número de
parâmetros a ser treinados como também a
precisão da modelagem acústica. Na verdade,
é objectivo final desta proposta obter uma
arquitectura do sistema consonântico capaz de
disponibilizar ao processamento acústico
dados que lhe permitam reconhecer e gerar
locuções de forma o mais natural e consistente
possível.